céu da boca
quando choves tu aqui dentro
inunda-se o céu
da boca...
e se fazes vezes de cheia
és enleio, meio-argila
lamaçal barroco
tu e eu anjos
ladeados de inundação
não sejas nunca mais estiada,
choves, e choves sempre
sê dilúvio, sê toró, sê torrente
e quando dormires, bem-querer
sê garoa, sê neblina à toa
que só quando choves
tu aqui dentro
inunda-se céus à boca...