Poema tardio

Pensei a paixão por ti transfigurando

meu corpo nu na cama

envolta em névoa de sedução.

Busquei em teu rosto o segredo

contido na palavra muda

que, agreste, fere o coração.

Uma vez mais a ilusão desfez-se

como o fio de água que

percorre meus dedos e finda

no tempo do instante

em que tu partiste.

Tenho sido personagem no enredo

de partidas infinitas quando penso,

em vão, ter encontrado a metade

para formar-me o todo.

Foste como os outros que

apenas vieram por um instante

e partiram em seguida,

deixando em mim os destroços

feridos da alma dorida.

Um poema tardio insere-se

no papel, refletindo de ti

uma saudade que já não sinto.

Salvador, 11 de outubro de 2008.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 19/10/2008
Código do texto: T1237275
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.