Não te quero ler...
Não te quero ler,
Porque em seus versos habita um veneno,
Que aos poucos vai me matar.
Matar de desejo, matar de angústia,
Por não poder te encontrar...
Não te quero ler.
Mas erro e leio um texto após o outro,
E assim fico e assim não penso noutro,
Ser que não seja você. Ser
Que em meu ser é soberano Senhor.
De tanto te ler.
Já te trago em meus próprios versos,
É claro que num universo bem inferior, ao teu.
Meu apogeu, é pouco mais que a terra rasa,
Que teu talento pisar.
De tanto te ler.
Já não vejo razões pra escrever,
Se tão infinitamente maior é o que tens pra dar.
Se tua escrita tão completa se faz.
Que fazer? Que fazer?
Nas tardes mergulho em teus versos,
Nas madrugadas, ainda com os olhos imersos,
Nas manhãs, durmo pra contigo sonhar.
Esta guerra, já sei que vou perder,
Mas que assim seja, se for pra me perder em você.