Durante a chuva do ocaso...
Durante a chuva do ocaso...
Por Poet Ha, Abilio Machado. 171008.
Escuta esta história...
É longa como tantas que já escrevi
Tudo isto na vida
Amor, amizade, sexo
É tudo tão bom
Nunca me pequei a este respeito
Estive sempre ao lado do desejo
Embora funesto
Ser-lhe-á fácil imaginar...
Deitado sobre a relva úmida
A recém chuva ainda se ouve ao longe
Minha mão desce ao ventre
Faz tanto tempo que não me acho
Encontrei-me viril, imponente!
Desperto e majestoso...
Meus receios? Até logo!
A grande música do universo entoa sua canção
Minha peça armada
Sob mim um pedaço de tecido roto, desbotado
Perto uma cabana de carvalho, quase negra
A janela estreita e guarnecida de barras de ferro
Aqui fora o ar e a luz...
Na cadeira preguiçosa esta você
Mergulhado em reflexões
Traz uma ruga à testa
E uma expressão medíocre no olhar
Um tanto ancioso
Sob pálpebras meio baixas
E respiração de descontentamento
Ao ver que mesmo só
Acaricio meu corpo
E jorro minha alegria
Como grinalda dedicada à noite
Ainda menina que surge no firmamento
Minha emancipação,
Minha liberdade
Minha felicidade
De força quase perdida admirar seus cabelos
Nesta cabeça encantadora. Tão linda...
Deliciosa beleza a balançar na cadeira
De pele nua a apontar-me o dedo
Sorrindo e falando entre dentes:
__Vem cá! Mastro puro de ardente luz!
E eu vou... Vagarosamente...
vendo-o implorar...
__Vem?!