Seus olhos...
Seus olhos! Abismos de ternura,
Que ao longe fitam o horizonte
Olhos que me resistem de forma dura.
Esperam que o sol do amor desponte,
E que revele uma rosa pura.
Seus olhos! Certamente guardam segredos
E amores céticos como seu humor,
Mas por detrás de seus olhares éticos,
Não vejo pudor.
Seus olhos! Delicadamente desenhados,
Com sacrifício por divinas penas,
Levam-me a delírios onde tinjo,
A moralidade que encenas
Com minhas ânsias mais intimas e obscenas.
Seus olhos! Perdidos, olhando ao alto,
Repelem minhas investidas com ar infausto.
Afastam-se ligeiros de qualquer contato.
Não se piam de meu ser exausto,
De joelhos prostrado aos seus encantos,
Implorando o tocar pétreo de seu tato.
Seus olhos... Quanto mais os quero
Mais me nega,
E me desespero quando seu olhar entrega,
Às outras e com elas flerta,
Seus olhos...Fonte de delicias eternas,
Calor que me umedece entre as pernas.
Flecha da libido que me acerta.
Seus olhos misteriosos e escuros,
Infindáveis labirintos obscuros,
Onde meu desejo aumenta e se intensifica,
Sua negativa o alimenta
E quanto mais me perco mais gostoso fica.