A CÂMERA DAS ERAS

Era como se vagamente eu entrasse
Num túnel do alto Tibete, iluminado
E no inicio da manhã um sino tocasse.

Ao anseio de meu coração se misturasse
Pausado e bem-sucedido; e no céu azul
Pairassem as aves, seus vultos encantados

Vagarosamente fossem colorindo-se
No sol extenso, vindo das planícies
E de minha própria vida comovendo-se.

A câmara das eras logo se deslocou
Para os que de operá-la já desistia
E só de tê-la pensado feliz sorria.

Abriu-se esplêndida e alegre, sem lançar
De si um ruído que não fosse genuíno
Nem uma claridade além do aceitável

Pelo olhar utilizado na verificação
Contínua e alegre do povoado,
E pela memória descansada do pensar

Sobrepujando toda uma realidade
A própria figura sua esboçada
No semblante misterioso, no céu...
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 16/10/2008
Reeditado em 16/10/2008
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