UM AMOR QUE ME RECUSA

Foge de meus mínimos poderes a contenção desse indomado sentir;

Nuvens e pensares a se fundir, que elevam meus soluços aos indícios teus;

Miragens talhadas em breus, cântaros de prantos a me esvair;

Torres erigidas no próprio ruir, credos tingidos em pigmentos ateus!

Nas sanções do ego sitiado, desfilam o que restaram dos esforços exauridos;

Muros invulneráveis qual seda demolidos, fronteiras que perderam seus portões;

No peito um deserto e no rosto inundações, sintomas de comas sucessivos;

Uivos de sonhos noturnos doloridos, fraturas de pesadelos em exposições!

Cravos em guerra com espinhos norteiam seus íngremes porões de fugas;

Do casulo agonizante brotam asas de rugas, sob a língua palatos censurados;

Clamores arraigados, ondas amargas se forjam canteiros regados de chuvas;

Falsa doçura de hipócritas uvas, pesadelos decididos a viver mal acordados!

Reles herói do fracasso é meu inconsciente quartel rendido;

Regra injusta de um jogo vencido, inexistente chance para o meu libertar;

Acima o céu e abaixo o mar, sou eu a derivar nesse comando perdido;

Lembro do amor que me tem esquecido, que me tem ferido e não quer me amar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/10/2008
Código do texto: T1231554
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