UM AMOR QUE ME RECUSA
Foge de meus mínimos poderes a contenção desse indomado sentir;
Nuvens e pensares a se fundir, que elevam meus soluços aos indícios teus;
Miragens talhadas em breus, cântaros de prantos a me esvair;
Torres erigidas no próprio ruir, credos tingidos em pigmentos ateus!
Nas sanções do ego sitiado, desfilam o que restaram dos esforços exauridos;
Muros invulneráveis qual seda demolidos, fronteiras que perderam seus portões;
No peito um deserto e no rosto inundações, sintomas de comas sucessivos;
Uivos de sonhos noturnos doloridos, fraturas de pesadelos em exposições!
Cravos em guerra com espinhos norteiam seus íngremes porões de fugas;
Do casulo agonizante brotam asas de rugas, sob a língua palatos censurados;
Clamores arraigados, ondas amargas se forjam canteiros regados de chuvas;
Falsa doçura de hipócritas uvas, pesadelos decididos a viver mal acordados!
Reles herói do fracasso é meu inconsciente quartel rendido;
Regra injusta de um jogo vencido, inexistente chance para o meu libertar;
Acima o céu e abaixo o mar, sou eu a derivar nesse comando perdido;
Lembro do amor que me tem esquecido, que me tem ferido e não quer me amar!