Maria Flor

Tens flor no nome e na delicadeza,

encantadora obstinação,

uma noite a mais visito-a

pois mortos não falam,sussuram quando muito,

não sendo notado na escuridão parcial de seu quarto.

A pele tão clara,límpida, alva como sua alma

e os contornos suaves do corpo de menina,

no brilho inocente dos olhos que ironia!

Está justamente a sensualidade que fascina.

Os lábios cheios e bem delineados

entreabertos um tanto assustados,

o frio que vem junto com a minha presença

a arrepia completamente e faz com que se esqueça

da segurança de quem não crê nos visitantes do além.

Um sonho é o que pensas logo que amanhece

para recorrente voltar, esmorece o medo e

a dúvida penosa de outrora,

conversa comigo, responde aos meus apelos

sem poder tocar ou me ver por inteiro

tão poucas palavras, amor, ternura

e então vou me embora ,retorno ao meu real pesadelo

As declarações de amor jamais feitas,

as carícias e os beijos que não vieram em vida,

o luto amargo contaminado de dor

não aplacam minha paixão por Maria Flor,

livre por momentos mágicos bem aproveitados

no mausoléu deixado em pedaços

jovem e morto vagando desalentado

encontro em Maria Flor e redenção de meus pecados