Seu retrato de mim...
Reviro-me ao avesso, pra ver se mereço.
Os retratos que de mim fazes,
Com tanto cuidado e zelo e detalhes.
Esquivo-me, com medo que os retalhes
Em minúsculos pedaços,
E que no desespero,
Engula-os passo a passo,
Como com teus poemas faço...
No intuito de mais perto tê-lo,
E que este deserto, seja atravessado.
Devoro as paginas, com elas seu encanto,
Com seu encanto devoro as lágrimas deste manto,
Férreo e negro que me envolveu ao lê-las...
De todo pranto, restou só a saudade,
Ainda que ela não te conheça.
Nos pensamentos insanos, de minha cabeça,
Nas cansativas rimas que componho,
Tens um lugar absoluto, vasto e generoso.
Nos versos lerdos, vagarosos
Compostos em ritmo frenético.
Imposto, por minha própria angustia...
Não penses que o faço em contragosto,
É que o sofrimento de que a poesia se alimenta,
Consome os nervos e meu querer aumenta.
Em cada frase que em ti ressoa.
De tanto pensar, concretizo em pessoa,
O que da escrita, meu corpo não se contenta.
De tão desejosa, a mente tola não pensa
E possivelmente, ainda tenta.
Recriar tua face, na imaginação que voa.
Sejas o autor de meu sonhar lascivo,
Entregue a ti, por mim com todo gosto,
Mostrando se, varonil e sempre disposto,
A acrescentar mais um e outro motivo.
A este amor por ti mesmo composto e somente a ti atribuído...