OITO TERCETOS DE AMOR
Tenho que aprender a me conformar
com a sina de te encontrar
todas as horas em todos os corredores.
Tenho de aprender a me esquivar:
tentar achar um esconderijo pétreo
em tua ambulante tempestade de flores
Tenho certeza de que te sou
não mais que um vulgar que a olha
Mas a admiro, e a amo, e a escrevo.
Em pedra alguma é possível
modelar teu rosto macio
cujo delicioso frio nunca senti.
Em nada de real é possível
registrar o teu golpe invisível
que à lama leva o meu coração.
Em nenhum telhado há tantas águas
cuja correnteza com tão força de mágoa
alimenta minha inovadora inação.
Tenho que aprender a me conformar
com o nunca te encontrar
pelas escadas quando quero.
Desejo que não me sai do peito!
nem de mim nem do quão rarefeito
é o meu viver enquanto te espero.