O AMOR NOS MEUS ESCRITOS

Amor é Divina arte e não humana obra;

É débito alheio que pra si lhe cobra, no âmbito descrito das irrestrições;

É mercado de paixões que compra a venda que lhe sobra;

É destino fazendo hábil manobra, sepultando indecisões!

É camelo cabível no fundo da agulha, é monte mais frágil que o vento;

Ponte a separar o relento das margens lodosas do infortúnio;

Queda livre pro fundo do túnel, visando o céu do sentimento;

É qualquer coisa entre a infância e o lamento, desgovernado punho!

Amor é crise diagnosticada pela dúvida dos confusos exames;

É mel viajando sobre enxames, veneno sorridente em forma de ferrão;

Impiedoso castigo da ilusão para o troféu dos sonhos infames;

Ódio confesso é um de seus nomes, é pelourinho de seu próprio patrão!

Amor é essa coisa entorpecente que dilacera e me apavora;

Pondo-me às avessas por dentro e me dobrando por fora, é mordaça por meio de gritos;

Contradição de meus conflitos, chega a ser minuto maior que a hora;

E quando o depois vira passado do agora, ele costuma flertar com meus escritos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/10/2008
Código do texto: T1230075
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