AMOR de PÁSSAROS

Me confessa com a boca na minha,

com o coração batendo no meu,

confessa que apenas na hora esplêndida

aprendemos no silêncio dos olhares cúmplices

dizer na urgência mais intensa o pegar

um no outro o que demais insiste na ficância,

este amor sem limites e sem escrúpulos,

amor de alma-gêmea encontrada,

e se algum dia eu não disser o quanto te amo,

é porque parti deste para outro plano,

aonde de tanto te amar

na solidão do infinito da espera,

te aguardarei amando mais ainda

do que o entre-estrelas suporta

no equilíbrio lembrar, para te amando

tão loucamente quanto impossível

enfim levar na alma

o que nem sol é capaz de brilhar

- o amor tão singelo que te ofertarei

em chamas aduladas na palma da mão

que por tanto tempo alimento,

que sendo mais flores sem deixar de ser fogo,

enraizam o fogo consumindo o que nunca

deixou de se fazer inflamar ainda mais:

este amor sem mais fim que o ser apenas teu,

o amar além de mim por mim amante que aprendeu

a amar-te mais a cada instante

que o céu se doa nas gotas do orvalho

que alimentam nosso amor de pássaros da orgia

amor de amar sem mais sentido que a tua una companhia,

pois é você a única verdade que conheço,

a verdade de um amor tão intenso

que termina o céu sendo parte deste amor

de clave e sinfonia