IRRESISTÍVEL
Eu admito o quanto é valoroso esse teu ímpeto de me excluir;
Que não pretende desistir até me ver noutras veredas;
Que sou poucos ganhos e muitas perdas, e nem podemos nos possuir;
Que é temerário investir nesse cenário de incertezas!
Eu sou esse remorso que se faz terceiro corpo sobre teu leito;
Um calabouço perfeito pro teu juízo aprisionado;
Teu pesadelo acordado, a síndrome de teu maior defeito;
E até parece que fui feito para ao teu tropeço ser destinado!
Maior que a vontade de não me querer, só a vontade de mim;
E a cada mentiroso fim, um ponto derrotado por nova vírgula;
A cada promessa frívola, a voz do nunca e o olhar do sim;
A razão pedindo índole de querubim, o corpo queimando audácia víbora!
Fracassos da razão, triunfos sucessivos do querer;
E o que fazer para construir um horizonte desistível?
Mulher aristocrata e de nível, que se converte em mendicante ser;
Após fugir sempre a retroceder, para implorar pelo prazer irresistível!