IRRESISTÍVEL

Eu admito o quanto é valoroso esse teu ímpeto de me excluir;

Que não pretende desistir até me ver noutras veredas;

Que sou poucos ganhos e muitas perdas, e nem podemos nos possuir;

Que é temerário investir nesse cenário de incertezas!

Eu sou esse remorso que se faz terceiro corpo sobre teu leito;

Um calabouço perfeito pro teu juízo aprisionado;

Teu pesadelo acordado, a síndrome de teu maior defeito;

E até parece que fui feito para ao teu tropeço ser destinado!

Maior que a vontade de não me querer, só a vontade de mim;

E a cada mentiroso fim, um ponto derrotado por nova vírgula;

A cada promessa frívola, a voz do nunca e o olhar do sim;

A razão pedindo índole de querubim, o corpo queimando audácia víbora!

Fracassos da razão, triunfos sucessivos do querer;

E o que fazer para construir um horizonte desistível?

Mulher aristocrata e de nível, que se converte em mendicante ser;

Após fugir sempre a retroceder, para implorar pelo prazer irresistível!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/10/2008
Código do texto: T1229441
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