Por quê?...
Por que brincas comigo?
“Queres... Não queres!”
Não dizes nada que te comprometa,
Tergiversas e sorris
E te escapas ligeiro
Enquanto eu procuro saber o que fiz...
Eu me alimento da tua ausência
E do teu riso sarcástico, a doer.
Estás comigo sem “ser”
Pois não és inteiro.
- E tua harpia se ri...
E eu choro por ti nesta noite enluarada,
Porque não mais estás comigo... E a vida enlutada!...
Estarás dizendo à outra as palavras que disseste?...
E, no entanto, não estás...
Mas queres vir!
Brincas comigo! Sopras as brasas antigas
Mas quando elas ardem
E as chamas crepitam,
Não queres do novo
As labaredas de amor!...
Queres que eu te seja
A eterna amante,
A compreensiva mulher,
A mais fiel das mulheres
“Porque sabe o que quer!”
- E, por ti, a esperar!...
Até que as sombras se alonguem
E venha a tristeza
Tingindo de negro o céu que era azul...
E ainda tu queres
Que jamais dê a outro
O Amor que foi teu?!...
Aquela que se perdeu
Numa noite de lua cravejada de estrelas
Refletindo teus olhos, terá de ser “tua”?...
- Não se amarra ninguém...
Tu me jogaste fora
E depois dizes: “Vem”!!!
Quando quero ir,
queres que eu fique...
Mas se quero ficar,
tu me mandas embora!...
Ah, eu cansei...
Acabo de descobrir um segredo
Há muito escondido no meu coração:
- Eu não te conheço! Nem sei quem tu és,
Se Anjo ou demônio, ou o que queres de mim,
Para sempre querer-me, ajoelhada aos teus pés!
- Pensas que sempre te estarei a esperar?...
A razão suplanta o meu coração:
- Esse amor terá fim!!
Verás!!...
E quando me vires
De alegre semblante
Não digas: - “Que tens”?...
Pois é neste momento
Que toda a tua farsa
Eu irei desmanchar...
- Hipócrita e cínico...
Tiveste a coragem de meu amor acordar
Para depois, às costas voltar?...
- Vai à outra enganar!
Já que és tão costumeiro
Em tergiversar!...
- Mas toma cuidado!
Um dia,
A máscara cai...
E, por trás do rosto de Anjo,
Pode haver não um Arcanjo,
Mas o daquele, que querendo “ser tudo”,
Ao Amor trai...
- E do Céu se vai...