Alguém canta...

Ouço uma voz ao longe. Alguém canta...

Meu ouvido procura a voz que um dia amei. Será esta?...

Será esta a voz que canta ao longe?...

Lembro relvas verdejantes

Enquanto ando por estradas pedregosas...

Tantas lembranças mudas...

Tantos sonhos que já foram...

Tantas palavras não ditas

Nestes olhares mudos

Plenos de silêncio e de canções...

A voz não sai de minha garganta.

Mas meus olhos cantam...

Lembro outros meses de outubro

Na tarde mansa...

Meus pés tinham asas para ir ao teu alcance...

Teus braços, sempre abertos, me acolhiam com ternura...

Ouço uma voz ao longe. Alguém canta...

Hoje só tenho suspiros

Que me brotam da garganta

Enquanto meus olhos produzem pérolas

“Lacrimosas...”

Quisera eu cantar... Na vida escura

Sombrios medos e lembranças doídas,

Que já se fazem enfadonhas,

Vem me importunar...

Quero o abrigo dos regatos murmurantes!

E quero neles minha sede de vida assim saciar!

No entanto, cai a tarde lentamente,

E alguém canta...

Como eu quisera cantar!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 11/10/2008
Código do texto: T1223298
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