SEM VOLTA...PAI

SEM VOLTA...

Queria hoje estar na casa de meu pai

O teu olhar vagando entre as formigas daquele chão

Comendo, trabalhando e um olhar triste

Triste por ver caminhos de lutas

De sobrevivência

Tão poucos? Começar algum?

Dos sonhados e desejados

Seria insanidade

Seria arriscado

Seria fadado

Seria rompido

Quando?

Nem eu sabia e nem ele, tão rico pai

Mas algo me dizia, me avisava

Talvez a gérbera comida, despetalada... Retalhada...

Quando ele tropeçava em seus próprios sapatos

Sapatos? Tão lustrosos tão impecáveis

E ele ainda sorria sorrateiro, uma feição linda!

Ah! Se eu pudesse estar lá outra vez...

Seria mágica a volta, seria?

Correria e o abraçaria...

Mas talvez a vida tem seu

Sempre inefável destino

Nós dois nos olhando naquela manhã

Ele sorrindo sem graça

E eu um inocente sorriso

Pois se agora fosse

Eu choraria em seu ombro

E Ele também, desbragadamente

Ali seria a despedida

Não apenas um momento

Naquela casa, daquele pai

Tão perdida estaria

Como agora

Quando um segundo depois

Caminhos de lutas

De sobrevivência

Só as formigas

Ficaram minhas amigas...

Pelos dias... Pelos dias...

Cíntia Thomé

(devaneios-divórcios tantos.)

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Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 11/10/2008
Código do texto: T1222675
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