SEM VOLTA...PAI
SEM VOLTA...
Queria hoje estar na casa de meu pai
O teu olhar vagando entre as formigas daquele chão
Comendo, trabalhando e um olhar triste
Triste por ver caminhos de lutas
De sobrevivência
Tão poucos? Começar algum?
Dos sonhados e desejados
Seria insanidade
Seria arriscado
Seria fadado
Seria rompido
Quando?
Nem eu sabia e nem ele, tão rico pai
Mas algo me dizia, me avisava
Talvez a gérbera comida, despetalada... Retalhada...
Quando ele tropeçava em seus próprios sapatos
Sapatos? Tão lustrosos tão impecáveis
E ele ainda sorria sorrateiro, uma feição linda!
Ah! Se eu pudesse estar lá outra vez...
Seria mágica a volta, seria?
Correria e o abraçaria...
Mas talvez a vida tem seu
Sempre inefável destino
Nós dois nos olhando naquela manhã
Ele sorrindo sem graça
E eu um inocente sorriso
Pois se agora fosse
Eu choraria em seu ombro
E Ele também, desbragadamente
Ali seria a despedida
Não apenas um momento
Naquela casa, daquele pai
Tão perdida estaria
Como agora
Quando um segundo depois
Caminhos de lutas
De sobrevivência
Só as formigas
Ficaram minhas amigas...
Pelos dias... Pelos dias...
Cíntia Thomé
(devaneios-divórcios tantos.)
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