Continuo a repensar a negra sombra...
Continuo a repensar na negra sombra
Que nos assombra e ensombra túçara:
Áspera e insociável, arisca e intratável,
A negra sombra agacha-se nos miolos
Do Amor, nos convívios prazenteiros
Que a gente com dificuldades constrói,
Dia a dia, lenta e rude e tosca e triste
Por vezes...
Mas que é a que é a negra
Sombra que nos assombra aos Galegos
E, em geral, aos Lusófonos todos? Qual
A sua particular essência? Rosália, Poeta
Galega, imensa e radical, não no-lo diz:
Mas suspeito que essa negra sombra,
Ah, é o nosso coletivo pensar; também
O particular, o singular, o que cada um
De nós, vivedoiro e ativo, teimudo e...
Sim, o que cada um alimenta, solícito:
Esse pensamento, feliz e infeliz, fiel
E infiel, amoroso e desamorado, ledo
E triste, sentimental e doente e ... e...
Talvez entre todos logremos com tino
Semear esse pensamento na esperança!