Bolha de Orvalho
Bolha de Orvalho
Na fluida metamorfose das quimeras
Atomizados orvalhos de ilusões ficaram
Ceifados por fugazes opções
Em pardo crepúsculo
Deixei de banhar-me de emoções tão belas
Felicidade sutil momento
Tão minúscula, pobrezinha
Áurea ao mesmo tempo
Pueril, doce e sensual fragilmente
Que dias e noites tão intensas
Só na arquitetura do pensamento
Imperceptível, profundo e veloz
Alimentou-me dentro as rígidas células
Rejuvenesceu-me senti-me bela
Brotou também fora o sorriso
Há muito implodido em traspassado peito
Agora só, absorta em dúvidas
Rejeitada na inadequação ao tempo
Na perplexidade dos desafetos
Novamente os músculos se enrijecem
Nostalgia e solidão invadem-me
Viver? Morrer? Terrível dualismo se combatem
Sem mais lágrimas nos olhos
À contemplar o que não alcanço
Solto tudo ao ar
Poeira de confete e serpentina
Qual dia trôpego e arrependido
De desvarios nunca cometidos
Tento diluir fetichizando os fatos
Dissipando, fugindo alada
Torno a atmosfera asfixiante
Subtraio-me quase evaporada
Resguardando-me trêmula da neblina
Temendo outros desenganos
Medo da febre latente, voraz
Abrazar-me como outrora novamente
Força extra-terrena, paixão tamanha
Fogo fátuo, relíquias de sonhos
Desça das nuvens, aterrize
Ressuscitando-me numa outra primavera.