PAIXÃO DESPERDIÇADA
A cobrir sonhos meus
Minhas lembranças do agora
Restar-me-á o castigo
De rever-te na memória
E recordar-me...
Das poucas horas em
Que ao teu lado apenas envelheci,
Horas em que fui amordaçado
Pelo desperdiçar da ocasião
De detonar nossa paixão.
Do tempo perdido em quimeras
Em breves tolices
Em longas esperas.
Os opostos da perfeição buscada
Sabíamos o destino
Caminhos opostos
Tu nos conduziste
Dos carinhos
Que não nos fizemos
Algemados pelo nada.
Dos olhares verdadeiros
Que não trocamos
Cegados pelo medo,
Detidos pelo dedo
Cruel da convenção.
Aquilo que sempre sonhamos
Por pensar nos outros
E não em nós
Pensar em pensamentos alheios
Perder-nos por medo de que pensem estarmos perdidos
Tu tentaste nos levar ao ápice
Porém no fundo nos jogou
Das palavras
E juras que nos negamos
Sonhávamos
Porém não era o sonho de alguns para conosco
Por tal motivo vale matar aquilo que somos?
E da saliva
De nossas noites de amor
Dos beijos adultos
Que abortamos,
Deixando cair na rotina
Quando queríamos estar realmente vivendo
No viver esse dia-a-dia
Feito pura criança
Que, sentada na balança,
Não sabe se balançar.
Assim foi você
Levou-me ao balanço
Porém balançando estou
Tu não soubeste balançar.