Dois Corações...

Queria eu ter dois corações. Para amá-las tanto e igualmente, e individualmente, que agora não me sufocasse a balança interna dos pesos sentimentais. Aquela a que submetemos as pessoas, como se fossem produtos, e avaliamos qual nos é mais vantajosa. Mais propícia.

Dois corações para que não se chocassem, quebrando assim o meu peito em dores e a minha mente em dúvidas. Para que à certa altura destes amores meus, eu, na escolha de vocês duas, acabe sem nenhuma. E tudo seja lembrança. Amarga lembrança. Que isto não me ocorra!

Um coração que se dedicasse com exclusividade a se apaixonar diariamente por seu jeito mágico de se desdobrar em tantas gentes, afluentes todos de você, encontro das águas tormentosas e frescas. Riso e pranto, grito e silêncio, homem e mulher. Um peito que ardesse somente por você, o que ainda é pouco pra tanto não sei o que.

E um outro, pra você que de tão pequena, pra mim se tornou tão imensa. Grande do tamanho da vida. Vida minha! Pra você que desperta a incredulidade dos olhares alheios. Não creem em nós, porque são cegos, e só veem o que qualquer um pode ver, mas não aquilo que eu vi, mas que admito, é mesmo complicado de explicar. Os meus próprios olhos duvidam. Mas o que importa? Se o peito dói, a alma estremece e a carne geme... e os olhos, estes que põem à prova, são os mesmos que choram a sua ausência.

Dois corações. Um pra você que ainda não veio. E um outro, pra você que se foi..