A BARCA
Lembro com se fosse hoje, era domingo,
o tempo era feio e logo ia anoitecer,
quando senti no rosto o primeiro pingo,
dei-me conta que começara a chover.
Olhei o rio, a barca estava do outro lado.
Faltava alguns minutos até ela voltar,
naquele instante fiquei impressionado,
com uma jovem que acabara de chegar.
Fugindo da chuva, junto a mim ela se abrigou,
tão próximo que seu perfume pude sentir.
Aquele aroma doce me embriagou.
Ainda mais quando ela me olhou a sorrir.
Com dificuldade retribuí o seu sorriso,
tal o torpor que aos poucos me invadia,
era como se eu estivesse no portal do paraíso,
vendo um anjo lindo que para mim sorria.
A barca acabara de atracar,
para reiniciar novamente a travessia.
Corremos todos para embarcar
e logo a velha embarcação partia.
Entre os passageiros procurei por ela,
mas não vi sua inconfundível imagem.
Constatei, então, que aquela doce cinderela,
ficara e me acenava lá da margem.
Desde esse dia a barca vou esperar,
quando o dia começa a morrer,
na esperança de novamente encontrar,
a mulher que nunca mais vou esquecer