A BARCA

Lembro com se fosse hoje, era domingo,

o tempo era feio e logo ia anoitecer,

quando senti no rosto o primeiro pingo,

dei-me conta que começara a chover.

Olhei o rio, a barca estava do outro lado.

Faltava alguns minutos até ela voltar,

naquele instante fiquei impressionado,

com uma jovem que acabara de chegar.

Fugindo da chuva, junto a mim ela se abrigou,

tão próximo que seu perfume pude sentir.

Aquele aroma doce me embriagou.

Ainda mais quando ela me olhou a sorrir.

Com dificuldade retribuí o seu sorriso,

tal o torpor que aos poucos me invadia,

era como se eu estivesse no portal do paraíso,

vendo um anjo lindo que para mim sorria.

A barca acabara de atracar,

para reiniciar novamente a travessia.

Corremos todos para embarcar

e logo a velha embarcação partia.

Entre os passageiros procurei por ela,

mas não vi sua inconfundível imagem.

Constatei, então, que aquela doce cinderela,

ficara e me acenava lá da margem.

Desde esse dia a barca vou esperar,

quando o dia começa a morrer,

na esperança de novamente encontrar,

a mulher que nunca mais vou esquecer

Rui E L Tavares
Enviado por Rui E L Tavares em 08/10/2008
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