SE FOR AMOR

Terá que ter brotado da mais inesperada despretensão;

Sem discernir sua própria distinção, sem alvará e nem requisito;

Ser aquele estalo ou grito que só percebe a introspecção;

Visita em forma de injeção, pouca atenção ao que for dito!

Terá que se encaixar nas fendas do que ao outro falta;

E ser escada alta, que sempre eleva e nunca declina;

Terá que aprender mais do que ensina, do palco ser ribalta;

Ter a outra metade sempre em pauta, jamais negar o roteiro que assina!

Terá que de bom grado legar proximidade e primazia;

Doar além do que previa, pra ter estoque de sobra em dia mal;

Ser sempre sal e nunca abdicar da missão que o alumia;

Construir o que o outro jamais seria, vencer todo opositor fatal!

Terá que desejar ardentemente e vestir o cotidiano de sensualidade;

Ser escravo da verdade e não fugir aos versos que já declamou;

Renascer no ponto em que tombou, se reiniciar a partir da infinidade;

Porque se perecer com a idade, terá sido mera vaidade, mas nunca um verdadeiro amor!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/10/2008
Código do texto: T1215415
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