ENQUANTO TU DORMIAS...

Reparei num instante

De inspiração

Que Tu eras antídoto

E eu veneno

Da nossa relação

Enquanto Tu dormias…

Não percebendo

Tal dicotomia

Revi-me mil vezes

No nosso comum espelho

Notando nas rugas ainda ténues

E no cabelo branco a despontar

Sinais que a juventude

Me estava a abandonar

Enquanto Tu dormias…

Tive então uma vontade súbita

De desaparecer

Com o medo

De nessa realidade nova

Me pudesses ver

Enquanto Tu dormias…

Deixei passar a euforia

Do álcool

Da tua companhia

E senti-me mais só

Do que nunca

Enquanto Tu dormias…

Porque o teu corpo

Junto ao meu

Já não fazia qualquer tipo de sentido

Não amava mais ninguém

(nem queria amar…)

Mas não me sentia bem contigo…

Enquanto Tu dormias…

Nessa demanda

Ou melhor

Luta eterna

Entre o físico

E a razão

Perdera o meu Norte

Tu

E tudo me fazia confusão…

Enquanto Tu dormias…

Nada atenuada

Pelo cigarro que acendi

E pelo café

Que fiz

Tomando

A previsível decisão:

O teu afecto era caro demais

Para a minha bolsa afectiva

Iria pois ficar só

Para sempre

Ou por um segundo

Sentindo-me então

Portentosamente feliz

Por não poder

Ou não querer

Companhia…

Enquanto Tu dormias…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 03/10/2008
Código do texto: T1208906
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