ENQUANTO TU DORMIAS...
Reparei num instante
De inspiração
Que Tu eras antídoto
E eu veneno
Da nossa relação
Enquanto Tu dormias…
Não percebendo
Tal dicotomia
Revi-me mil vezes
No nosso comum espelho
Notando nas rugas ainda ténues
E no cabelo branco a despontar
Sinais que a juventude
Me estava a abandonar
Enquanto Tu dormias…
Tive então uma vontade súbita
De desaparecer
Com o medo
De nessa realidade nova
Me pudesses ver
Enquanto Tu dormias…
Deixei passar a euforia
Do álcool
Da tua companhia
E senti-me mais só
Do que nunca
Enquanto Tu dormias…
Porque o teu corpo
Junto ao meu
Já não fazia qualquer tipo de sentido
Não amava mais ninguém
(nem queria amar…)
Mas não me sentia bem contigo…
Enquanto Tu dormias…
Nessa demanda
Ou melhor
Luta eterna
Entre o físico
E a razão
Perdera o meu Norte
Tu
E tudo me fazia confusão…
Enquanto Tu dormias…
Nada atenuada
Pelo cigarro que acendi
E pelo café
Que fiz
Tomando
A previsível decisão:
O teu afecto era caro demais
Para a minha bolsa afectiva
Iria pois ficar só
Para sempre
Ou por um segundo
Sentindo-me então
Portentosamente feliz
Por não poder
Ou não querer
Companhia…
Enquanto Tu dormias…