MAIS UMA LÁGRIMA NA CHUVA...
Já chorei sete mares
E se mais houvesse
Mais haveria de chorar
Restando-me gotas secas
Que o meu rosto
Com os seus traços me está a marcar
Por fora
Mas sobretudo por dentro
Pois se prefiro a humidade delas
Ao deserto
Que por vezes sou
Olho melancolicamente
Para o vento estrelar
Que tudo lava
Tudo levou
Pois houve certas alturas
De um tal carinho
Em que julgava
Nessas lágrimas
Me ir afogar
Encontrando
Sempre a bóia providencial
De outro amor ocasional
Que nesses breves instantes
Me conseguiu salvar
De Ti
Mas penso que sobretudo
De Mim
Que encontro nessa chuva
Uma divina inspiração
Para colocar à superfície dos sentires
Bem perto do meu amado racionalismo
A alma
E por arrasto nessa maré o coração
Centro de tudo
Que comanda
O homem que sou
E dita o que serei
É por isso que essa água
Que embora me toque e me molhe
Me faz sentir um Rei
Que triunfou
Na sua última batalha
A batalha pela insanidade
Que venceu todos os adversários
E o mais duro de todos:
A saudade
E essa realidade
Dura
De saber
Que a seguir a Ti
Virá mais outra
E que um dia…
Deixarei
O mundo de gelo
Em que por instantes me transformei
Voltarei então ao Universo de Ternura
Vertendo
Mais Uma lágrima na chuva…