TUDO POR TEU AMOR

Mesmo que em meus pratos fosses nada além de mero lambisco;

Que algum risco fosse a prenda a se exigir em troca de teu olival;

Que o líquido salival fosse o mar possível ao meu peito sob confisco;

E me escarnecesse o tempo arisco, eu tudo faria por teu beijo floral!

Mesmo que o desarranjo acoitasse meu auto-alumiar sob centelhas;

E o silêncio tenro das ovelhas pudesse ser a voz de meu protesto;

E a mudez fosse a voz de um manifesto, a pôr insanidade e lucidez parelhas;

Eu subiria até as telhas pra contemplar cada nuance de teu gesto!

Mesmo que o impoluto se implodisse no macular;

Que investigasse cada gota em alto mar, e mergulhasse nos ínfimos e vulgares;

E de negruras banhasse meus clareares, com o fim dos bons pensares olvidar;

A ti preferiria me entregar, pra não amargar o maior de todos os pesares!

Mesmo que voassem pelos ares as cercanias limítrofes do tudo;

Que o dia fosse escuro, que o frio fosse alma-gêmea do ardor;

Que me desonrasse o inciso do pudor e me expusesse o inexistente escudo;

A todo contraditório me faria surdo, para dispor e nunca mais perder o teu amor!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 01/10/2008
Código do texto: T1206121
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.