TUDO POR TEU AMOR
Mesmo que em meus pratos fosses nada além de mero lambisco;
Que algum risco fosse a prenda a se exigir em troca de teu olival;
Que o líquido salival fosse o mar possível ao meu peito sob confisco;
E me escarnecesse o tempo arisco, eu tudo faria por teu beijo floral!
Mesmo que o desarranjo acoitasse meu auto-alumiar sob centelhas;
E o silêncio tenro das ovelhas pudesse ser a voz de meu protesto;
E a mudez fosse a voz de um manifesto, a pôr insanidade e lucidez parelhas;
Eu subiria até as telhas pra contemplar cada nuance de teu gesto!
Mesmo que o impoluto se implodisse no macular;
Que investigasse cada gota em alto mar, e mergulhasse nos ínfimos e vulgares;
E de negruras banhasse meus clareares, com o fim dos bons pensares olvidar;
A ti preferiria me entregar, pra não amargar o maior de todos os pesares!
Mesmo que voassem pelos ares as cercanias limítrofes do tudo;
Que o dia fosse escuro, que o frio fosse alma-gêmea do ardor;
Que me desonrasse o inciso do pudor e me expusesse o inexistente escudo;
A todo contraditório me faria surdo, para dispor e nunca mais perder o teu amor!