Peixes

(01/10/08)

Como um peixe

Sem aviso

Na tua rede enroscado

Indefeso e complacente

Como obra do acaso

Tua vida vai mudar

Encantada com a beleza

Com a doçura, com a pureza

Toda sorte de fineza

Com certeza o adotarás

Se revela um ente mágico

Um Netuno, Posseidon

Que contempla mil desejos

Satisfaz tua vaidade

Tua libido, teu prazer

Quase tudo que tu pedes

Quase lê a tua essência

Vê? Completa tua existência

Teu almoço e teu jantar

E lá no fundo, tu, faceira

Tem-se a última e a primeira

Deste ser maravilhoso

E resolves, pobre incauta

Tua alma lhe entregar

Fazer planos, o futuro

Um “felizes para sempre”

Tua vida, teu altar

Não te ocorre, num momento

Questionar a sorte grande

Perguntar à cartomante

Se és tu dona da rede

Ou, em um truque ilusionista,

Se apenas nela estás?

De repente, minha princesa

Toda sorte de certeza

Como um castelo de areia

Na tua frente vai ruir

Como um peixe, esse peixe

Logo ganha a correnteza

Do riacho ao rio, o mar

Como um peixe vai embora

Sem motivo aparente

Para águas mais profundas

Para nunca mais voltar