tempo bom

quem me dera

que te encontrasse aqui

solta na minha imaginação

sôfrega

que nem uma sentinela de plantão

ante uma ameaça iminente

estéril e desnecessária

que nem uma gota de aguardente

mas semente

de uma avassaladora tempestade

de amor, como a que nos faz supor

que a chuva que cai,

tão tola e de graça,

nos molha na praça da felicidade

coberta de flor

e a gente com a cara pra cima

a chuva caindo nos olhos

a rua ficando mais cheia

você diz que nada receia

a não ser o sonho de amor

que quanto mais belo ele fica

é quando aí perde a cor

e hoje não chove na praça

a rua já não tem mais graça

embora esteja sequinha

você já deixou de ser minha

e a felicidade se foi

escoou pelo gargalo

sobrou, porém, o aguardente

pra alimentar a semente

de um tempo de sol, tempo bom,

daqueles que machucam mais...

Rio, 30/09/2008

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 30/09/2008
Código do texto: T1203477
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