Alma

Aonde vais, assim tão quieta,
De olhar eriçado, sereno e seguro
Jogando as mãos, uma de cada lado?

Por mim passas à vida grandiosa
Com uma oculta insensibilidade,
Que qualquer indagação desaprova.

Deslumbra-se na parte contrária
E, então, com repentina agonia,
Vejo que tua cara é a cara minha.

E levas como companhia
A ameaça silenciosa
Dessa tua viagem sem fim.

Meu vozear em tua fauce,
E muito existe, muito, muito
De mim, sobre o teu disfarce.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 29/09/2008
Reeditado em 30/09/2008
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