Carta ao filho amado
Meu filho
Te sonhei desde menina
E nem sabia que podia
Pré-abençoar-te
Nascerias de um bigbang airoso
Minhas noites insones seriam
Meu descanso no teu regaço
Meu porto
Tangendo teu bem-estar
Noite e dia
Aconselhar-te-ia
Quando preciso fosse
Não te incutiria medo de nada
Te faria conhecer o Deus
Que, se para o mundo,
Parece morto ou é outro
Para ti, como para mim,
Sempre viveu
Teu pai
Escolheria entre os mais capazes
E jamais, nem em pensamento, entre homens
De suspeito caráter
Tua alimentação buscaria
Na primitiva pecuária
E rudimentar agricultura
Mesmo que para isso tivesse
Que fazer retroceder a tecnologia
E, de meu país, atrasada
A economia
Se alguém porventura te ofendesse
Eu, com um só bit de pensamento,
De pronto o fulminaria
Não te deixaria contaminar
Com nada
Teus pecados
Eu os cometeria
Para que sobre ti
Colheita má alguma
Reivindicasse direito
De angústia lançar-te
Apenas das boas obras
Te permitiria a prática
Como vês, meu filho,
Te cerquei de toda proteção e carinho
Até oração por tua vida além
Já elevava aos céus continuamente
Mas, afinal, a lucidez, acordando,
Para melhor te proteger
Amadureceu redoma eterna
(um minarete angular)
Me convenceu de que tua felicidade
Nem de longe estaria
Em esta Terra visitar
Transcendi assim
O amor devido a ti
Dei-te o melhor que uma mãe
(sagaz)
Ao filho amado pode dar:
Amá-lo ao ponto de nunca,
Jamais (para este e) neste mundo
Esse amado filho gerar
Sem mais, espero que me compreendas
De tua concepção,
Abortei apenas o anteprojeto
E não o desenvolvimento