Poema 0616 - Café e amor
Hoje não tenho medo, coloquei tudo em cima da mesa,
misturei o café com minha ansiedade de tocar-te logo,
calei muitas vezes quando sonhei ali na sua frente,
fui por dentro dos teus olhos, até hoje não estou refeito.
Andei rápido pelo corredor iluminado, o beijo ficou na boca,
foi um roubado e todos os outros que consegui pegar,
não falei tudo que um dia ensaiei pra esta hora,
disse que posso amar, que amo, me enrolei com teu corpo.
Abri a porta e as roupas ficaram jogadas pelo chão,
mal cheguei e o meu abraço rodeou teu corpo quente,
fingi estar calmo, mas nunca fui capaz de disfarçar,
era minha festa, meu amor quer a alegria tranqüila.
Beijei tua boca como se tirássemos uma foto pro calendário,
o corpo queimou inteiro, calada, não mexeu um dedo,
as línguas foram e voltaram chamando para o amor,
precisava carregá-la pra algum lugar que não conhece.
Abri as portas do teu corpo e invadi como se fosse dono,
insano, mas era assim que sonhávamos por noites seguidas,
toquei teus sentimentos por dentro molhando-a de paixão,
voltei mais vezes e nos olhos mostravam o mesmo brilho.
Repartimos pedaços de nós, colamos pedaços de antes,
voltamos ao corredor da vida e andamos de mãos grudadas,
afastamos a saudade e todo os outros tormentos,
voltamos a mesma mesa que nos conhecemos e ao mesmo café.
08/03/2006