HOJE EU QUERO TE AMAR ASSIM 
(16°dia)

® Lílian Maial



Morta de saudade,
vagando por entre abismos da tua ausência,
as carnes trêmulas,
ao menor sopro acústico do teu nome,
de qualquer folhagem que se mova sob a brisa,
ou qualquer ousadia de asas de pássaro arisco.

Estou entregue aos ponteiros do dia,
cansada do entardecer tão lindo,
do ocaso precioso em tons de rosa,
do suave silenciar da tarde anoitecendo.

Até que venha, enfim, meu sorriso,
rasgando a face, então contraída da desesperança,
com a aproximação do meu amado,
que me traz o beijo tão ansiado,
a voz maviosa de mil violinos,
o toque sereno da mais fina seda,
o torso mais firme que a mais bela rocha.

Meu eleito,
que me preenche a alma e as entranhas,
que me desafia a loucas travessuras,
que me toca o coração com as mãos limpas do amor,
e se esconde de mim,
criança levada,
nos dias e nas noites de solidão.

Então me ergo,
musa de seu vício,
ópio de sua doença,
e derramo toda a minha paixão,
sobre as lágrimas de espera,
para criar esse rio de deleite,
a seiva proibida,
que só os amantes atrevidos,
escolhidos através do tempo,
podem entender.

E ele me acompanha,
conduz até sua alcova,
fecha a porta gentilmente,
e abre, arreganha, escancara
um mundo agonias,
doces torturas,
que me fazem livre,
mulher,
inteira.


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