MESMICE

É escuro ainda, lá fora uma garoa

dá som a este clima de nostalgia

ao longe um sabiá já entoa

seu canto, ao alvorecer de novo dia.

Noite insone, uma a mais na minha vida

que nas horas lentamente escoa

enquanto isso a imaginação perdida

abre as asas nas lembranças e voa.

Tento os pensamentos aprisionar

mas os sinto tão vagos, tão dispersos

relapsos até mesmo de encaixar

na harmonia plena destes versos.

Mas um só deles se faz latente

vem à tona sempre na memória

de forma lúcida e tão presente

que excluí-lo da mente é luta inglória.

Quero escrever, em vão, outro poema

que fuja da rotina desta mesmice

mas volto sempre ao mesmo tema

é como se fosse só tu que existisse.

Rui E L Tavares
Enviado por Rui E L Tavares em 29/09/2008
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