HOJE EU QUERO TE AMAR ASSIM (15° DIA)
Lílian Maial


Derrubada sobre a mesa,
entre frutas, vinho, candelabros,
cabelos soltos, desgrenhados,
suada sob as peles de animais e botas longas.

Guerreira viking,
fúria ancestral entre os dentes,
desejo carnal pelas ventas,
vontade leitosa nas coxas.

Animal arredio,
acuada, se aquieta,
se rende, se finge de morta,
mas vira o jogo e monta.

E bate, e arranha, e morde,
imobiliza a presa,
prende nas pernas,
predestinação.

Naquela hora, naquele dia,
ele é servo, escravo,
ela é dona, é forte,
derrama sobre ele eras de feminilidade.

Ele se sabe indefeso,
e toda a ventura dessa entrega,
materializada naquela fêmea crua,
entre alimentos,
nutriz de amor e gozo,
torna-se a glória do guerreiro,
conquistado, para alcançar o trono supremo,
onde é coroado rei,
por se curvar ante à inevitável figura,
a indomável criatura,
a perfeita obra inacabada:
mulher.


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