Dor de Mãe

Vem filho querido!! Das minhas entranhas saístes

O que fizeram de ti? Meu coração está ferido

Tua lembrança eu guardo desde o dia que partistes

Teu olhar de alegria ainda posso enxergar

Tua mãozinha pequena não parava de acenar

Nem sequer imaginava que partias pra tão longe

Apenas o teu olhar restou na minha lembrança

Arrancaram-te de mim! Que maldade nos fizeram!

A dor incessante que sinto é sentimento eterno

Meus olhos não brilham mais

Minha boca vive seca

Meu sorriso é acanhado

Filho amado quando voltas? Vivo a te esperar

Muitos anos se passaram

Permaneço a imaginar

Como é possível que um pai

Possa trocar um filho

Por algo que a fome venha matar?

Que fome danada é essa que endurece coração?

Que faz o amor secar e o homem perder a razão?

Sei que o Deus do Universo minha prece já ouviu

Por isso não perco a esperança

Não sossego um só instante

Vou te encontrar filho amado em qualquer lugar do mundo

Quem sabe não está perto numa esquina da cidade

Numa árvore a descansar ou numa feira livre, ajudando um feirante

a fome de muitos matar?

Gorete Amorim

20-08-08