Aqui a primavera ainda não chegou...
Aqui a primavera ainda não chegou...
Faz frio no meu coração
E o minuano ainda entra pelas frinchas das janelas...
Neste amanhecer ainda está muito frio...
Onde estão as manhãs formosas
Em que belos Hinos eu cantava
Em louvor à criação
E ao “novo amanhecer...?”
No setembro passado tuas mãos eram um toque de veludo
E teus pés vinham ligeiros,
Cobertos de flocos de lã?
Onde foi para a música que cantávamos
E as paráfrases, Hinos ao Amor?
Onde estão teus olhares mudos
Para mim cheios de declarações de amor?
Onde estão os versos que escrevias
E as lindas melodias
Que afastavam toda a dor?
Hoje teus olhos não aportam mais em mim
E não penetram com força e suavidade
Falando de mil noites estreladas
E manhãs com orvalho sem fim...
Hoje não temos mais o nosso leito de relva
E a saudade tomou conta
De todos os meus jardins...
Talvez hoje nos vejamos...
Teu olhar indiferente,
Magoado e que magoa,
Não se param mais em mim...
E nem reparam...
Eu vesti meu luto novamente
E tenho um sonho com um fim...
É tão estranho esse desamor
Que me faz dor e desesperança...
Uma dor sem fim...
Talvez hoje nos vejamos...
Oh! Melhor seria
Se não fora assim...
Se a tua alma cantasse todas as canções de amor
E meu corpo respondesse
Fremente de calor...
Aí seria bom ver-te...
Mas não assim...
No muro que ergueste à tua volta
Só há espinheiros
E me sinto tão cansada de ver-te assim...
não tenho mais a força para abrir canimho ao teu coração...
Vem até mim...
Espinha-me com o espinho envenenado
E meu sorriso te ficará marcado
Porque a dor enfim,
Teve fim...
Mata-me com teu amor distante
Inacabado
Não explicado... Explicado alfim...
E assim eu acorde para a nova primavera
E um novo amanhecer surja no horizonte...
- Mata-me assim...
Livro-te da culpa deste crime!
- Mas jamais poderei livrar-te
Da culpa que sentes
Ao olhar para mim...