SAUDADE DO BEIJO
A alguns metros já me fitastes,
cravadas pupilas
no ponto imaginário
em que morava o meu núcleo,
exposto, além do rosto,
e trouxe teus lábios
ao meu beijo,
segurando-te nos braços,
e assim elevei-te do chão
alguns centímetros.
Ele, profundo e sensível,
veio ao suave calor das papilas
da minha língua que te quer,
que te percorre
e que por ti corre e perde,
e se perde
por teus cantos e tuas frestas,
e pelas rimas
da tua boca, e pelo esmalte dos teus dentes,
trazendo, em volátil movimento,
o táctil sentido
das mãos que te pegam
e te sentem hormonais.
Durante minutos,
uma etérea corrente
a mim percorre,
trazendo sensações tidas jamais,
e tu, parecendo para mim sem peso,
te expressas pela vez primeira e dizes:
“- Que louca saudade estava eu desse beijo...”