Naquele Sol Poente:
Naquele sol poente:
(Por Léa Ferro)
1 - Dá-me amor:
Dá-me teu beijo secreto
Dá-me tua branca fome acesa das quimeras
Em tua boca que me arde.
Dá-me teu colo em tarde amena
Dá-me o teu olhar liquido,
Que faça serena as minhas saudades.
Dá-me tua voz em meu ouvido
Dá-me a luz sem o silêncio
Dá-me canção dos teus passos na manhã.
Dá-me teu corpo estendido no orvalho
Dá-me teu seio ansioso
Em meu refúgio de paz.
Dá-me teu único beijo guardado
Para que eu possa morrer já sem lamúria,
Para que eu viva eterna em teu cais.
Léa Ferro. SP. 08-07-2008. 22:57 hs..
2 – Imensas horas:
As horas poucas
te transformam em punhado de estrelas
e os teus desejos cantam a respiração
orvalhado nas integridades
de tuas mãos sob meu dia em prece.
As horas claras
faz o tempo parar
e não é preciso palavra alguma
para que tua presença se manifeste em mim
e me lapide amor nos versos dos teus beijos.
As horas loucas
Entorpecem-me os trovadores vôos
Minha cama é a tua pele
E o teu delírio a minha luz
Nas horas poucas, imensas horas.
Léa Ferro. SP. 09-07-2008. 11:10 hs.
3 – Bahia Menina:
A Bahia é verde
Os seus olhos são morenos escandalosos
E as suas nuvens são muralhas
A parecerem pedras no horizonte.
Não me deito em suas ruas
Por que me abraço às figueiras da alma
Com a ilusão do silêncio ondulante
Que provéns dos mares.
A onda e a maré me beijam a face
Eu beijo seus olhos de menina
E meu coração tece as histórias dos meus sonhos
Sinto-me em paz!
Léa Ferro. Brejões. BA. 16-07-2008. 14:12 hs.
4 – Reparação:
É claro que teu amor é minha perdição
É claro que eu ainda me desespero e finjo que nem te amo
É claro que a tua presença trai as minhas razões absolutas.
Eu poderia me atirar do precipício da solidão
E te encontrar no repouso do vôo...
...Mas, eu não sei voar. As minhas asas não alcançam nuvens.
Léa Ferro. Brejões. BA. 16-07-2008. 14:21 hs.
5 – Manifestação:
Tenho o coração aos pulos
Como um desordeiro em festejos juninos
Este céu me traz renovações
E sensações que desconheço.
Não sou dona de mim e de meus atos
Há sentimentos que são maiores que a força
Ou a imaginação.
Como saber caminhar se a razão cede espaço à emoção?
Há sentimentos que são maiores que as realidades
Formas de vida a se revelar
Maior que o mar, em mim.
Léa Ferro. Brejões. BA. 18-07-2008. 10:44 hs.
6 – Serenidade:
Gosto de ver-te cerrar os olhos e adormecer
Faz-se um silêncio macio em meu peito
Os teus olhos se fecham sem pressa
As tuas mãos lentamente se prendem à minha
Anunciando que farás uma viagem.
Léa Ferro. Brejões. BA. 18-07-2008. 10:58 hs.
7 – A luz do teu luar:
O teu corpo se abre sobre o véu da escuridão que me clareia
Em meu corpo que arde e te arde
E me completa... E me enlouquece... E enlouqueces...
Libertamo-nos do distante e da realidade.
Teus olhos se enchem de luz
Contemplo-te em noite enternecida no colo da nuvem
Meus sonhos esbanjam os teus delírios
E os teus delírios tornam-se meus por um segundo.
O teu corpo se abre em meu corpo que te recebe
Abandono o mundo... E o tempo... E as forças...
Nas horas que o relógio não é capaz de medir e nem diminuir
Para que eu me faça em versos no teu amor.
Teus olhos se enchem de luz
No tremor dos beijos que me mordem e te mordem
No tremor do teu prazer conduzes as estrelas do meu íntimo
E me fazes em céu, para que eu te faça em luar.
Léa Ferro. Brejões. BA. 20-07-2008. 13:22 hs.
8 – Bahia:
Ser e não ser brasileiro
Ser baiano
Ser terra
Ser chão
Ser o grão.
O mar que te água é pão.
Na Bahia não há não
Há baianos, brasileiros...
Um povo inteiro
De emoção.
Ser e não ser
O que se é
Se és baiano, és brasileiro
És de toda a gente o coração.
Léa Ferro. Brejões. BA. 20-07-2008. 13:40 hs.
9 – Alucinação:
O álcool que escorre em minha boca
Queima a garganta povoada da voz cansada
Queima meu peito tomado da paixão
Aumentando o meu desejo.
Fecho os olhos como se pudesse amar-te menos
E suportar o que o coração faz o corpo sentir.
Neste céu o teu beijo tem o sabor das estrelas
Eu me descubro em sonhos
Se tua voz me chega em remanso
Alucino.
Léa Ferro. Brejões. BA. 20-07-2008. 22:15 hs.
10 – Café:
O sabor do café que nos amanhece
Tem o aroma do interior
Da tua alma.
A Bahia tem um jeito carinhoso de falar de amor
Onde o solo árido aquece a solidão
E o expressar dos sentimentos mais simples
Fazem saltar-me à dimensão.
Quando o sol nasce
A vida começa em ritmo de alegria
E uma caneca de café é atravessada nos dedos
Enquanto os olhos sonham.
Há uma saudade em mim agora
Do momento que acabou de passar
Como os teus lábios que sorvem o negro café fumegante
Enquanto meus pés flutuam no verde da serra
E se aconchegam no leito dos teus braços.
Léa Ferro. Brejões. BA. 21-07-2008. 15:23 hs.
11 – Composição:
Há toda uma paisagem em mim agora
O lilás do céu no entardecer ameno que flutua
O laranja das nuvens que recebem os últimos raios de sol
O azul das manhãs com o aroma do café recém coado
O verde da serra que emoldura o lago que da vista da sacada
O moreno das noites que brinca de pintar estrelas
O vermelho da rosa roubada que enfeita a casa...
Há toda uma paisagem em mim agora
E tudo isso se contrasta com o branco da paz que sinto
Por tanta delicadeza sonora em amor.
Léa Ferro. Brejões. BA. 22-07-2008. 10:49 hs.
12 – Todas as canções:
Todas as canções me levam até você
De maneira singular.
Quando um beijo teu me desperta
Eu sou o sol.
Quando o mar se agita em saudade
Eu sou a onda.
Quando me aconchego em teu colo
Tu és nuvem.
Quando tu és ausência
Eu sou a chuva desesperada.
Quando me amas
Eu sou vida e sou mulher.
Quando eu sou lágrima
Tu és Abraço em compaixão.
Quando sorris deliciosamente
Eu sou amor.
Quando eu sou o poema
Tu és a canção.
Léa Ferro. Brejões. BA. 22-07-2008. 13:54 hs.
13 – Soneto de Itapuã:
Naquele sol poente o mar moldou o teu sorriso
Fez dos teus olhos o brilho de pérolas salgadas
E o vento esvoaçou os teus cabelos negros
Banhando-me de águas verdes sagradas.
Naquele sol poente o mar lavou as pedras
E lavou meu coração no teu amor
E lavou as minhas mãos num beijo teu
E lavou a minha luz nos raios e na cor.
Naquele sol poente a tua voz dedilhou a canção
Acompanhando a onda na areia que amornou a vida em mim
Suavizando o sangue a saltar na emoção.
Naquele sol poente a tua boca na minha se prendeu
Formando em letras de areia o mais belos dos poemas
Entre o teu mar e o meu sol a minha alma se rendeu.
Léa Ferro. Brejões. BA. 23-07-2008. 10:23 hs.
14 – Itapuã:
Itapuã
Mar e calor
Itapuã
Beijas a flor
Itapuã
Faz dos meus versos
Os mais certos, entre os incertos
Poemas de amor.
Itapuã
Olha por mim
Itapuã
Mar de cetim
Itapuã
Conta pra mim
Os teus segredos
E que segredos
Há de agora morar em mim.
Itapuã
Tu és tão bela
Itapuã
Beijas singela
Itapuã
A tua voz é sortimento
Faz dos meus olhos sentimentos
E conta os meus momentos
Num sussurro ela.
Itapuã
Quero-te sempre
Itapuã
Sonho contente
Itapuã
Fala de amor numa verdade
Faz este amor realidade
E deste amor uma semente.
Itapuã
Coisa mais linda
Itapuã
Em mim te finda
Itapuã
Sorrisos teus, minha loucura
As tuas mãos, doce ternura
A iluminar no breu em desventura
Nos passos meus, a tua vinda.
Itapuã
Mar e calor
Itapuã
Tu és a flor
Itapuã
Eu te plantei na melodia
O teu sol me irradia
Nasce em mim um novo dia
Quando chega o teu amor.
Itapuã
Amo-te tanto, ardor
Itapuã
Ela é o canto, a cor
Itapuã
Canta pra ela estrelas soltas
Traz o beijo em minha boca
Imortaliza esta vontade louca
Para eu viver no seu amor.
Léa Ferro. Brejões. BA. 23-07-2008. 10:44 hs.
15 – Amanhecer-te:
Hoje eu acordei cedinho
Os olhos dela me espreitavam
Pediam-me um beijinho
Um sorriso amanheceu-me
Lá fora o canto do passarinho
Dizia-me pra eu casar com ela
E viver no aconchego quentinho
Todo dia, o dia todo, o tempo todo
Então pedi ao passarinho
Em novo dia, nova canção
Cantar pra ela bem baixinho
Do meu amor e a vontade
De viver abraçadinho
E amanhecer-me, pra amanhecer-te
Meu bem, bem juntinho.
Léa Ferro. Brejões. BA. 23-07-2008. 10:57 hs.
16 – Terra de céu e de mar:
Bahia
Brasileiramente terra
Cultura e raiz na canção.
Brasileiramente céu
Azul, verde ou lilás de emoção.
Brasileiramente mar
Na voz e na raça é paixão.
Bahia
Os teus santos são os meus
Guias.
Teu canto é a minha
Profecia.
Teu chão é a minha
Alegria.
Bahia
Que beija-me a alma flor
Um novo dia
Nasce no sol e ao se pôr
Faz-me tenra magia
Dá-me água no calor
Tu és em mim o ardor
Brasileiramente baiana Bahia
Que me sorria
De amor.
Léa Ferro. Brejões. BA. 23-07-2008. 11:14 hs.
17 – Perdão:
Eu quebrei todas as promessas
No instante em que teus olhos buscaram os meus
A amplidão da tua presença se fez maior em mim
Vi teus lábios pronunciarem palavras que eu não compreendia
Mas era capaz de sentir como se ouvidas de fato.
Eu me desgarrei das realidades promissoras
E todas as minhas atitudes foram involuntárias
Por que a emoção tomou o espaço da razão diversas vezes.
Mesmo sabendo que não há razões para o amor
Eu deveria saber que a razão existe independente dos sentimentos
Eu deveria saber que não posso te amar
Mas o meu coração é rebelde e me contesta a todo instante.
Eu me perco diante o toque delicado da tua mão na minha pele
E eu queria morrer para tornar eterna a tua vinda
Eu não sei como hei de caminhar agora que estás em mim
O que eu sei amor
É que te carregarei comigo onde quer que eu vá.
Léa Ferro. Brejões. BA. 24-07-2008. 11:02 hs.
18 – Luz em amantes:
Amor e luz
Os olhos dela
Sexo conduz
O abraço dela
Flor em cetim
O beijo dela
Manhã de sol
Sorriso dela
Na minha mão
O toque dela
Na noite fria
O calor dela
Casos errantes
Lascívia é ela
E na luxuria
A pele dela
Na madrugada
A boca dela
Doce loucura
Desejos dela
E na poesia
O tema é ela
Quando há beleza
A rosa é ela
Quando há tristeza
Conforto dela
No mar da vida
O amor dela.
Léa Ferro. Brejões. BA. 24-07-2008. 14:05 hs.
19 – Sambalear:
O samba das madrugadas
Vem de repente quando ela chega
E me mira como se nunca me tivesse visto
E me come com os olhos aflitos
No silêncio dos desejos ardentes
Um sorriso canta trovadores sonhos
Anunciando que breve a lua há de chegar
Pra morar, numa estação
Em samba a se cantar.
Léa Ferro. Brejões. BA. 24-07-2008. 14:09 hs.
20 – Basta-me:
Basta o teu sorriso amanhecer
Pro meu céu se desanuviar
Eu sei, meu bem
Que as nuvens não são de algodão
Mas basta tu me olhar
Pra eu acreditar
Que somos o que sonhamos ser.
Basta um beijo teu
Pra tudo ficar melhor
Pro meu mundo ser maior
Pro noite se transformar em dia de sol
E neste instante
O meu riso ser também teu.
Basta-me tu me rondar
Pra eu sentir a tua voz
Pra eu te amar.
Léa Ferro. Brejões. BA. 25-07-2008. 15:18.
21 – Consagração:
Em teu corpo me deito
Vestida de orvalho tu te abres e me enlaças
No teu abraço temerário
O calor do teu humanismo aquece meus desesperos
E lava as minhas imprudentes angústias
Na nudez dos meus desertos tu clamas delirante
Para que eu te faça em segredos
Uma dimensão.
Eu meu corpo tu te deitas
E tocas o meu silêncio embriagado
Com a luz dos teus desejos irracionais
Não me proíbo quando tua voz me chega e me implora
Não nos vejo em pecado
Por tão sagrado ser o amor que conduz nosso templo
Porque amar-te é infinita consagração.
Léa Ferro. Brejões. BA. 26-07-2008. 11:04 hs.
22 – Despedida:
Não sei como voltar para casa
Nem em que força eu me agarrarei.
Não sei como viver no distante
Se te quero presente.
Não sei como suportar
Nem como conviver com a saudade.
Não sei como caminhar
Nem como amar menos para não petrificar.
Não sei como regressar ao meu mundo
Agora que teu mundo também é meu.
Léa Ferro. Brejões. BA. 26-07-2008. 11:50 hs.
23 – A casa antiga:
Guardarei em mim cada momento
Na lembrança, no poema, no olhar...
Guardarei em meu travesseiro
Os meus desejos, os teus delírios, o nosso amar...
Guardarei no baú das saudades
O beijo teu, o ardor meu, o multiplicar...
Guardarei nas canções prometidas
A tua voz, a minha paz, o caminhar...
Guardarei chuvas cristalinas em meus sonhos
Por teu carinho, por minhas vontades, no acreditar...
Guardarei o sol do teu céu de nossas manhãs
Na tua entrega, no meu vício, em cada lugar...
Guardarei as sensações compartilhadas na casa antiga
Por tua presença, por meus dias felizes, pra te amar...
Léa Ferro. Brejões. BA. 27-07-2008. 13:21 hs.
24 – O lago Brejoense:
Vejo o lago Brejoense
(Na minha ilusão de mar)
Os raios de luz se misturam ao vento
Cristalizam em gotas que saltitam
Estrelas parecem cair do céu
E bailar sob a superfície
Como se beijassem as verdes águas
Emolduradas de sol.
Léa Ferro. SP. 01—8-2008. 18:30 hs.
25 – Quem é esta mulher?
Quem é esta mulher?
Que entra pela casa, pela sala, me traz girassóis, rosas roubadas e velas,
Que me arde, que me invade, que me enlouquece e também me acalma...
Quem é esta mulher? Meu Deus, quem é?
Que de manhã me olha e me acorda num sorriso todo manso,
Mas que de noite me desespera e me traz as tempestades das luxurias enaltecidas...
Quem é esta mulher?
Que me transborda nas inquietudes densas e brancas
Que me entorpece e me olha nas cumplicidades como se me ouvisse os pensamentos
E me comove a face na hora das límpidas chamas...
Quem é?
Léa Ferro. SP. 02-08-2008.