LUCIDEZ E LOUCURA
No meu estado de loucura,
abro-lhe os braços,
dou-lhe um abraço e pronto,
mas, se a lucidez chegar
desejo não lhe desejar,
procuro fugir para não lhe encontrar
tento morrer para não lhe amar,
aí vem a loucura
começa tudo outra vez,
parece que volto a lhe querer
louca ou lúcida, para lhe pertencer
e novamente caio em seus braços,
mas, quando acordo
e vejo a verdade,
choro por não ser dona da sua vaidade,
por ser parte inteira da sua maldade,
vejo-me devaça, alheia à sua vontade...
por mais uma vez acordo,
e vejo que sou formiga
pisada, me ponho a chorar,
devagar me recomponho,
e como flor, sinto-me brotar
mas, sua voz me enloquece
e novamente volto à ti, me dar...
mesquinha, fútil sou!
ninguém morre por amor,
se é lúcido, vive a verdade
se é louco a vaidade,
me perco em minha identidade,
sou lúcida ou louca de verdade?
uma coisa, eu sei que é certa,
te amo em minha loucura,
e te mato em minha realidade...
sei que muitas vezes
serei sua,
e outras, nem me lembrarei de ti,
misturo primeira e segunda pessoa,
espinho da flor
com flor do jardim,
eis minha primavera outra vez chorando,
quando o inverno se aproxima,
e com minha atrocidade
me entrego como menina,
tudo bem, eu sou assim,
dona sua, sua zona,
fêmea, louca, lúcida,
mas, não sei do que gosto mais,
se quando estou em seus braços,
se quando não quero lembrar
que te amar é loucura,
mas estar lúcida é acreditar
que por mais uma vez,
me encerro em seus braços,
louca ou lúcida?
acho que nem uma, nem outra
apenas, apaixonada!