Arrependimento e saudade
Ó senhora minha que d’outroras canto,
Vem-me nessa hora sem demora consolar.
Vê que nos meus olhos escorre a fio o pranto;
Meus olhos, já vermelhos, não podem mais chorar.
Por que não voltas? Explica por que não
Trazes-me de novo a ventura de ser feliz.
Prostro-me outra vez a teus pés, aqui, no chão,
Peço-te, novamente, perdão por tudo o que fiz.
Mas volta! Volta logo que já não agüento
Ter-te longe, águia altaneira no ar.
Forças tenho só para um último lamento.
Peço-te paciência somente para o escutar.
Hoje tu dizes que tudo terminou,
Encerras também a alegria deste ser;
Que caiu em erro porque muito amou
E, por isto, condenado a não mais viver.
Desgraçado sou! Dono de torpe destino,
Escravo maldito que não tem senhor.
E agora este triste poema eu termino
Pois nada que eu faça, sem ti, tem valor...