Soneto sem Medida
Amor é força que aleija fazendo caminhar
É andar solitário e resoluto por entre a gente
É um contentamento frágil de uma semente
Que plantada segura o pé sem sustentar
É um querer mesmo sem pra quê
É ferida que lateja no meio da gente
É um rasgar a alma veemente
É uma dor sentida que ninguém vê
É pensar estar livre e se acorrentar
E servir ao carcereiro, seu benfeitor
É com alegria ao cadafalso marchar
E como podem tantos buscar o fervor
E encher o coração de bem-procurar
Perseguindo algo tão estranho: o Amor?
(com agradecimentos a Luís Vaz de Camões, pai da nossa língua e do que há de mais belo na poesia em língua portuguesa)