Tristeza de marinheiro
Era noite. Hora de toda a tripulação estar dormindo.
O capitão vai à proa ver a lua. Encontra um de seus marinheiros chorando.
“- Ora, ora, marujo,
Conte pra este lobo-do-mar
O problema cujo
Resultado foi fazê-lo chorar.”
“- Capitão, desculpe se mostro fraqueza
Mas a dor é imensa em meu peito.
Não posso suportar mais a tristeza;
Chorar toda noite é o que tenho feito.”
“- Que houve?”
“- Vou contar-lhe, meu capitão:
Certa moça conheci, diferente
Das outras, ficou com meu coração.
Fez-me cativo assim, de repente.
“- Não pude resistir a encantos
Que não sabia que existiam.
Que pureza! Seus olhos santos
Luz sobre mim aspergiam.
“- Falei-lhe de meu sentimento
Só não contei que sentia amor.
Prometi não ser-lhe tormento;
Veneraria sem levantar rumor.
“- Ela aceitou, meu capitão,
Permitiu que eu dela gostasse.
Disse-me que não sentia paixão,
Mas deixou que eu a conquistasse!
“- Capitão, depois disso eu sorri!
Sorria com grande felicidade.
Sentia algo que nunca senti.
Capitão, eu amava de verdade!
“- Há pouco, quando voltamos de viagem,
Ela não veio ao porto me ver.
Não vi sequer uma miragem.
Não esperava que isso fosse acontecer.
“- Capitão, grande foi meu terror
Ao descobrir porque ela agira assim:
Ela descobriu que eu lhe tenho amor
E fugiu, com medo de mim!”
O marinheiro abaixou a cabeça, não podia mais continuar sua história.
O capitão pôs a mão em seu ombro. Segurou uma lágrima e falou:
“- Vai dormir, homem.
Amanhã você tem que trabalhar...”