A MISSÃO
Espalhamos as particularidades
do nosso amor selvagem
nas paredes dos quartos e dos banheiros
marcados com as roucas digitais
dos sexos que suculenciam o querer-te-nos mais.
A volúpia empina-te nos olhos
fêmea para o chamado,
estranho o pássaro canta na chuva
fábulas
que fizeram o homem enigmático
atravessar tormentas, montanhas e países,
em busca da mulher
que só nos sonhos conheceu.
Eu te espio
na lembrança que o meu sexo guardou
do teu sabor pelas avenidas longas e chuvosas
te chamo o nome,
porque solitário sou ainda mais
pertencente ao teu amor,
e se a bruxa pendura na boca do lagarto
a rosa vermelha do dilúvio que te fecundei
no ventre ofertado,
busco na lua a chama
que te faz a sensualidade
verter os sucos que deixam estalados de férteis
os bosques e as fontes aonde colho os cinco sentidos.
Pelas estradas iluminadas apenas
pela vontade do te ver possuída por mim
rasgo os pés querentes da tua pele tenra
e nenhuma dor angulosa ou surda
vai me impedir de ser feliz contigo.
E se carrego na alma espadas
que levam a fugir os dragões
é porque vivo a missão
do te entender p’ra ser alguém