Soneto do amor cobarde

Soneto do amor cobarde

Fiz tudo que pude com a melancolia

Cansado de amar-te, revejo meus dias

Teu peito de pedra, que a rocha recria

Se torna mais duro à medida em qu´esfrias

Que triste a dureza com que desafias

O amar mais que a vida, que não t´enternece

Pois sempre te fechas, se o amor aparece

Se algo t´aquece, tão breve t´esfrias

De pronto anoiteces, se alguém te traz dia

E a melancolia – maldita! – te veste

Como uma armadura, te abraças à peste

Tornando-te dura, se o amor t´amacia

Quem sabe algum dia te canse o agreste

E, assim, te libertes de tal cobardia

(Djalma Silveira)