Você sempre volta
Carrego na bolsa teus pertences.
E no roupeiro, deixei algumas roupas.
Relembro voltas e idas de suspense.
E eu me desmanchando feito trouxa.
Na geladeira, uma boa marca de vinho
E um prato congelado para emergência.
Recordo das vezes que buscaste abrigo
E eu me entregando sem consciência.
Escaldada, no armário do banheiro,
Tem loção de barba e escova de dente.
Se você resolver chegar sorrateiro,
E eu me esqueço e abro precedente.
Você fala alto, xinga e bate a porta.
E fica um jeito de que nada terminou.
E eu vou desfalecendo, quase morta.
À espera do amor que ainda não acabou.
Porque tem que ser assim tão selvagem?
Porque fico longas noites com insônia?
Se eu não tenho vergonha e nem coragem
e me ofereço, vencida, fedida de colônia?