A queda

Trago na boca o canto rompido,

desfaço-me em estilhaços jogados por terra,

mãos funestas tocam-me o corpo tentando arrancar-me o que sobrou da alma,

pelos caminhos, tenho a noite alimentando minha dor.

Bebem do meu sangue os lábios tingidos de rancor

brindando a morte na hipocrisia da qual se revestem,

alçam vôo pelos céus que refletem suas mentiras

alimentando o vazio que cresce nos abismos que me remetem.

Esperam pelas esquinas de mim aqueles aos quais lancei-me à sorte,

como aço, suas palavras me rasgam o peito arrancando-me a fé,

torre caída, desacredito da vida que a tudo assiste imóvel,

uma lápide e o dito grava-se em granito:

Aqui jaz o amor.

05/02/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 04/03/2006
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