Poeta

Poeta

(Para a Musa - Canção de Verão)

I

Deixa provar do teu útero

Incansável fonte de beleza

Deixa provar dos teus lábios

Lamber-lhes o beijo e a palavra

Deixa provar dos teus olhos

A ler o desejo em meu corpo

Deixa provar dos teus dedos

Criando poemas de novo

II

Bebendo esse amor na tua veia:

Um sangue volátil em centelha

Me mostra em que parte me encontras

Pois falas tão dentro de mim

Tão doce que amargas no fim

Tragando o que em mim jaz inerte

Cravando bem fundo tuas unhas

Me fira e que, assim, eu desperte

III

Lambendo-te a pele igual leite

Me deixa explorar tua vulva

Que, como uma uva orvalhada

Poreja a película úmida

A língua lasciva e encarnada

Já salta da boca que tange

IV

No cume da vida, que exangue

Aspira os meus pés de diásporas

Que ásperos bebem, das ânforas

Os versos que plantam-se em mangue

Me deixa a arder no teu sangue

De fogo, onde forjas metáforas!

(Djalma Silveira)