Quando ela passa...
Quando ela passa;
Os pássaros não gorjeiam,
Cantam trilha sonora para o seu caminhar!
E por contagiante alegria,
O Salso Chorão esquece que seu ofício é chorar.
Quando ela passa...
Meus olhos se confabulam:
-Será que é real o que antes era devaneio?
Ela atiça o olfato das flores,
Que invejam o perfume de seu cheiro.
Quando ela passa...
A poesia ganha sentido:
Suas curvas são versos que enlevam o espírito!
Os parnasianos teriam ciúmes,
De ver o mais belo soneto caminhando de vestido.
Quando ela passa...
O relógio nem marca o tempo.
Cada segundo é precioso, cada minuto é eterno!
Até a lua invade o dia,
Pra contemplar junto com o sol amor tão belo.
Quando ela passa...
As notas pulam das pautas,
E formam o sereno tom de sua respiração.
E a chuva por vergonha,
Adia o temporal por respeito a inspiração!
Quando ela passa...
A natureza à ovaciona,
E agradece por tão belo feito.
-Direi a ela que sou os versos
Que complementam as estrofes de seus beijos!
Que pena que ela nunca passa...
Nota do autor:
Estes versos quando compostos tinham apenas a idéia como musa inspiradora. Anos depois me mudei para uma casa onde há, em frente, um pé de salso chorão por onde ela passa!