NUM ENTRELAÇO DE DEDOS

«num entrelaço de

dedos

desejos

e pérolas

que nós dois emprestaremos à noite

em troca de algumas estrelas»

Carla Carbatti, «por algumas estrelas»

(Publicado no RdL em 17/09/2008.- Código do texto: T1182500)

Quando lemos, Carla,

nem sempre lemos (leio)

o que escreveu o outro:

Antes lemos (leio) à vontade

o que o texto me suscita...

E agora quero, livremente, ler

nos versos acima transcritos

como um poema meu (que sei

não é, mas vou fingir e, fingindo,

vou-me fingir poeta...).

Desculpa.

Leio-te o me/teu poema, que elevo

à minha amada e senhor tão certa

quanto ficta. Eis o poema fingido:

Entrelaço dedos como desejos ignotos

e sinto os dedos da amada a tecerem

desejo certo, tão certo quanto o desejo

se torna pérolas vivas, como olhos na noite,

ou estrelas fundidas ao sol do dia grave...

Abro os dedos, desligo os dedos e um

redemoinho de brilhantes desejos ou pérolas

ou estrelas ou noite vencida aos desejos trocados

me inventam os desejos da amada, que aos risos

vence o meu desejo singular, florescido em pérolas.

São essas, as pérolas, a iluminarem

a nossa noite destecida no desejo...

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NOTA.- Lê, Carla, com atenção e comporvarás que o te/meu poema não é apenas jogo de vocábulos.