O desejo
Apanhado em flagrante delito
O desejo arde em conflito
Trai seu algoz e companheiro indesejado:
O comedimento,
...E explode violento.
Viola as normas
Normaliza o caos como se fosse legítimo
Ironiza os vetos
Ignora os tetos
Contextualiza as margens como novo leito
Regozija-se do feito
Alimenta a revolução surgida em delírio
Incandesce em brilho
...Mas numa sombra estranha em anti-matéria
Reside no mísero e mesquinho após
Que retorna e toma lugar no peito
E num mantra abusa ao ouvido direito
Repetindo o quanto tudo foi efêmero
Cobra em nanômetros os seus espaços
Retornando ao coma e a todos os laços
Tão abandonados pelo vil desejo
Não resta mais nada além do cigarro
E de um torpor incrédulo e um tanto bizarro
Que se foi apenas um animal
E que aquele que antes só fez tanto bem
Pode ser que à luz da reflexão
Na verdade apenas seja só banal