Lição de um anjo
Num velho castelo que existe
E que costumo visitar
Foi que encontrei um anjo triste
Sentado num canto, olhando o luar.
Foi-me triste ver tal cena,
Cheguei até a me sentir mal.
Confesso: tive até pena
Daquele ser celestial.
E disse: “-Ó anjo amigo,
Quero dar-te a alegria.
Deixa, meu anjo, comigo
Que numa canção eu te abrigo
E encerro tua melancolia”.
E cantei. Cantava sorrindo
E ele sequer notou meus arranjos.
Foi então que acabei descobrindo
Que eu não falava a “língua dos anjos”.
Que faço, Deus da minha vida?
Que faço? Vem me explicar!
Pois não suporto ver criatura tão linda
Sentada e triste, prestes a chorar.
E, no ímpeto da luz da idéia que nasce,
Eu, delicadamente, do anjo beijo a face...
...
Foi como se nascesse o dia
A luz que do anjo brotou.
Ele olhou-me com alegria,
Tocou-me com sua mão macia
E, voando, para o céu voltou.
“-Vai, anjo, que hoje me deste
Uma lição que seguirei com fervor:
Que a verdadeira linguagem celeste
Não é a dos anjos, pois tu me entendeste
Quando falei a linguagem do amor!”